quarta-feira, 3 de outubro de 2012

João Pessoa é a única capital do país que tem 100% das escolas municipais com bandas marciais

É debaixo de uma árvore, único local que faz sombra, sentado na gangorra de uma praça, próximo de casa, que diariamente às seis da manhã, o estudante José Diego do 9º ano, ensaia com o seu inseparável trombone. Ele é um dos 65 mil alunos da rede municipal de ensino que tem acesso a educação musical. A capital paraibana é a única do país que tem 100% das escolas municipais com bandas marciais.

“Foi uma forma que encontrei de aproveitar o horário livre para me dedicar individualmente ao instrumento, que faz muito barulho. Aqui, não incomodo ninguém e me habilito”, completou o adolescente que integra o projeto de educação musical executado pela Prefeitura de João Pessoa (PMJP) em todas as unidades escolares da Rede Municipal de Ensino.

Na escola João Monteiro da Franca, no Vieira Diniz, José estuda pela manhã, à tarde e noite participa da banda marcial da instituição de ensino, ao lado de aproximadamente setenta colegas, que assim como ele encontram na música, uma esperança por dias melhores.

“Quando comecei a estudar aqui, meu pai logo soube da existência da banda. No início não gostei muito da idéia, mas para agradá-lo resolvi freqüentar os ensaios. Hoje, toco trombone e não me vejo longe desse cenário. É a minha vida”, disse emocionado o aluno do 8º ano, Hugo Henrique.

O patriarca confirma. Com os olhos lacrimejados, ele dispara. “Só tenho a agradecer pela oportunidade que está sendo dada ao meu filho. Sempre tive vontade de tocar, mas nunca tive condições. Hoje, me sinto realizado”, falou com orgulho Damião Diniz.

Nem os doze quilos da tuba carregados por Higor Diego e Caio Jones os desanimam. Ao contrário, servem de estímulo para turma. “Perguntam-nos se não é desgastante, cansativo. Respondemos: a satisfação de tocar ameniza o peso. Chegamos sem conhecimento algum. Não sabíamos nem identificar os instrumentos. Com aulas teóricas e práticas estão nascendo profissionais da música. Quer melhor do que isso.”, declararam sorridentes os estudantes.

Amor à primeira vista, é assim que Aline Turico, 14 anos coloca a música em sua vida. “Por mim, eu passo o dia ensaiando, só vou para casa, quando acaba tudo. E mais, nas horas vagas ainda faço um curso extra de trompete. É apaixonante, um vício”, disse com um ar de entusiasta a estudante do 8º ano.

Toda essa turminha é acompanhada de perto, pelo maestro Gutemberg Macedo. “O esforço é coletivo. Os integrantes almoçam na escola e muitas vezes jantam. Treinamos de segunda a sábado e quando tem apresentação não descartamos o domingo. Cotidiano intenso, mas saboroso. O empenho e a disciplina da equipe servem de combustível, para a formação de cidadãos”, enfatizou o regente da equipe, atual campeã da categoria C da copa municipal de bandas marciais escolares.

Na escola Anísio Teixeira, no Esplanada, o trabalho pedagógico educacional através da música segue no mesmo ritmo. As meninas da linha de frente ensaiam pesado. Elas aparecem lindas, com figurino, penteado e maquiagem impecáveis, mas quem vê assim não imagina a correria que é antes de entrar em cena.

“É um ritual. Uma ajuda à outra. Como trabalhamos em equipe, não há disputa interna, queremos sempre estar em sintonia, mais parecidas possíveis. Já estou sentindo o gosto de saudade, já que esse ano concluo o ensino fundamental”, relatou Janiele Alves, que participa da banda há três anos.

No compasso da música tocada pela corporação, a mascote do grupo dá cor e brilho a apresentação. Pequena no tamanho, mas com uma elasticidade de encher os olhos, a baliza Jamile Alves, de 10 anos, mostra de forma suave e elegante que tem habilidade.

“Estrela, saltos, flic flac, são alguns dos movimentos acrobáticos que eu utilizo durante minha participação. Tudo supervisionado pela coreógrafa. Ensaiamos de duas a três horas por dia. Ainda tem o tempo que dedico para estudar e nas horas vagas para ginástica rítmica”, contou a componente e futura professora de dança.

Quem comanda o corpo coreógrafo, é a ex-aluna da rede municipal, Silvana Ferreira, que começou a carreira em uma banda e hoje, anos depois, divide a experiência com as meninas.

“A dança é muito mais do que simples movimentos do corpo. Ela Auxilia na formação educacional. Acompanhamos a freqüência e o rendimento escolar de cada aluna, chamamos a atenção para comportamentos inadequados e temos um contato direto com os pais”, esclareceu a coreógrafa.

O secretário de educação, Luíz Júnior, destacou que a educação musical contribui em muito para melhorar o desempenho do alunado na escola. “Ajuda a disciplinar e criar uma rotina de estudo. Do ponto de vista estético, abre os horizontes para outras sensibilidades que estavam adormecidas. Enfim, as bandas marciais mudam o ambiente escolar e promovem a integração”, lembrou o gestor.

Educação Musical – As bandas marciais das 95 escolas municipais são divididas em dois grupos: Linha de Frente e Corpo Musical. Na primeira, tem destaque porta estandarte, porta bandeira, baliza, comandante mor e corpo coreográfico. Na última, estão os instrumentalistas com bombos, caixa, pratos, trompete, trombone, tuba, bombardino e trompa.

“Quando abrimos matrículas, fazemos uma pré-seleção para avaliar a aptidão de cada aluno. Na maioria das vezes, eles nunca tiveram contato com esse universo. Começamos o trabalho do zero, com ensinamentos da linguagem musical, passando pela apresentação e história dos instrumentos até chegar à leitura de partituras, após essa fase damos início a parte prática”, explicou o maestro Carlos Guerra.

Para o coordenador geral da educação musical da Sedec, Júlio Ruffo, o investimento da PMJP é revertido em talentos espalhados pelas instituições. “Nós somos referência no Brasil. O trabalho de música, que vem sendo desenvolvido na rede municipal, já é menção no país. João pessoa é a única capital do Brasil que tem 100% das escolas municipais com bandas marciais e pedagogia da música em todos os Centros de Referência de Educação Infantil (Creis). Isso só nos faz continuar trabalhando, para avançar ainda mais”, destacou Ruffo.

Copa – Anualmente a PMJP, por meio da Sedec, realiza a ‘Copa Municipal de Bandas Marciais Escolares’. O evento, que tem por objetivo mostrar o respeito dos alunos pelo professor e o crescimento musical que eles estão tendo, é dividido em duas categorias. Os primeiros colocados de cada categoria representam a capital na Copa Norte Nordeste de Bandas e Fanfarras.

São avaliados três aspectos: linha de frente, apresentação e aspecto musical. Na linha de frente são analisados itens como melhor mór, baliza e corpo coreográfico. No aspecto apresentação, uniformidade e instrumental, tempo, marcha, cobertura, postura e alinhamento. Já no aspecto musical, regência, interpretação, percussão e técnico.  

Banda marcial toca “Gangnam Style” para estádio lotado


Definitivamente, o vídeo “Gangnam Style”, do sul-coreano Psy, atingiu a Terra como um meteoro.
A essa altura, a cantora Britney Spears, o Chaves, Hitler, Latino, e até o ex-CEO e atual conselheiro do Google, Eric Schmidt, já fizeram o passo do cavalo.
Porém, nenhum deles se compara, em termos de proporção, a esta apresentação realizada pela banda marcial da Universidade de Ohio, nos Estados Unidos.
No vídeo, além de tocar a banda dança a música para um estádio de futebol americano lotado!
Oppan Gangnam Style!

Projeto implanta fanfarra em todas as escolas de Pinhais


Como forma de inserir a disciplina música na grade escolar, o município de Pinhais implantou neste ano o projeto "Fanfarra nas Escolas". Com objetivo de contar com os valores musicais no processo pedagógico-musical, fazendo com que se torne um ponto significativo para o trabalho de ensino aprendizagem as 21 escolas do município implantaram as fanfarras, uma espécie de banda musical composta por instrumentos de percussão e sopro e que executam marchas e dobrados.
Muito mais do que trabalhar a musicalidade, as fanfarras escolares estão tendo um papel importante no processo de ensino e aprendizagem na educação básica do município. A Secretaria de Educação investiu na formação das fanfarras e o projeto já apresenta resultados positivos tanto na divulgação da unidade escolar, como também para os alunos que passam a ter uma identidade maior com a escola. O Secretário Municipal de Educação Celio Rodrigues Leite destaca a importância da implementação de projetos que contribuam com o processo pedagógico nas escolas. "As fanfarras estimulam o envolvimento dos alunos que acabam se dedicando mais aos estudos", explica o Secretário.
Para participar da fanfarra o aluno precisa se inscrever e passar por uma seleção, que averigua se ele tem aptidão para um dos instrumentos que compõe, como: bombo fuzileiro, caixa de guerra, caixa de repique, lira, surdo, além de flautas doces. A professora Neila Maria Araujo da Silva, diretora da Escola Municipal Severino Massignan, comenta que é crescente o interesse dos alunos em participarem da fanfarra. "Percebemos que os alunos passam a ser protagonistas, se sentem parte da escola, criam uma identidade com a unidade escolar", finaliza Neila.
Homenagem
ImageAs fanfarras foram implantadas nas escolas municipais em abril deste ano. Na coordenação dessas fanfarras e apresentando os primeiros passos estavam os maestros Lourival Ferreira e Paulo Sergio Tavares. Eles foram homenageados neste mês pelos diretores das Unidades de Ensino do município pelo excelente trabalho que desenvolveram até o momento.
O maestro Lourival Ferreira enfatizou que os alunos estão muito interessados neste projeto. "Nós ensinamos a eles que o processo não é apenas aprender a tocar instrumentos de percussão, é muito mais sobre aprender a ouvir os sons, trabalhar a musicalidade", conta o maestro.
Além do contato com instrumentos diversos, os alunos aprendem a ter mais disciplina, cumprir horários, trabalhar em equipe na execução de coreografias e respeitar o outro.